segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Raios que perduram

Uma luz de um laranja profundo que aquece o coração. Um entardecer que convida ao silêncio repleto de palavras de agradecimento. Um sentir mais forte da alma. Um misto de descontentamento e impotência de tudo não abarcar com a vista.
Ter-te perto enche-me o peito, serena a minha alma, afasta o meu medo. Mas no meio da imensão deste belo pôr-de-sol sinto-me inquieta e insatisfeita. Porquê? Se os dias ainda são longos e cheios de luz porque escurece dentro de mim.
Recolho a energia natural deste fim de tarde, segura que o dia amanhã nasce de novo envolto numa névoa ligeira. Mas se... e se... Queria sentir-me a sol poente como se esta fosse a última visão dos meus dias. Se soubesse que o sol amanhã não acordava para mim poderia sentir com mais força. E será que sentia? Será que a emoção e a confusão da certeza de não mais acordar não entorpecia os meus olhos? Ficaria cega... assim como a incerteza me cega a beleza do momento.
A luz que me aquece o coração foge cada vez que racionalizo tanta beleza. Abraça-me! Mas tu absorvido no teu não pensar, esqueces o romantismo de um abraço e a urgência de um beijo. O sol reflete nos teus óculos e por momentos fico certa que apenas isso impede que olhe teus olhos.

O sol põe-se e amanhã de novo nasce.

Nenhum comentário: